Minha câmera é boa?
Por Alex Hackmann1
Essa pergunta foi-me feita diversas vezes por meus
amigos desde que comecei a estudar fotografia há 6 anos e foi um grande
motivador para que eu criasse o curso de fotografia titulado "Curso de
fotografia - Saindo do automático" que no próximo dia 14 terá sua 20a
edição.
E quando sabem que sou fotógrafo profissional, alguém
se aproxima com aquela expressão de curiosidade e, torcendo para que tenha
feito uma boa escolha, dispara: "minha câmera é boa?"
Como não poderia deixar de ser, como um bom psicólogo,
dou aquela resposta que não satisfaz a curiosidade, mas que é tecnicamente
correta: "depende". É impossível responder tal pergunta com a
simplicidade em que é feita, pois a resposta envolve diversas questões. Para
quebrar o clima de consternação, a próxima pergunta que costumo fazer é se a
câmera da pessoa faz aquilo que ela quer ou que precisa. Penso que
essa deveria ser a principal preocupação de alguém que possui tal recurso
tecnológico.
Hoje em dia as câmeras fotográficas são planejadas
para atender as necessidades de um certo perfil do consumidor/fotógrafo. O
modelo mais comum é aquela bem compacta, retangular, tão fina que cabe no bolso
de qualquer camisa. Um segundo modelo é planejado para entusiastas, pessoas que
querem mais recursos e qualidade mas que ainda não decidiram se aventurar (ou
gastar) em equipamentos mais robustos. São as denominadas de compactas
avançadas, prosumer ou semiprofissionais, mais encorpadas,
maiores e muitas vezes com dezenas de x de zoom ótico. O terceiro e último
grupo são as DSLRs - aquelas câmeras que possibilitam o trocar de lentes. Essas
também são chamadas de semiprofissionais por muitos, mas, pessoalmente,
prefiro retirar o "semi", pois é a classe mais usada pelos
profissionais (as prosumer também o são).
É claro que, quanto mais se investe, maior será a
chance de se ter um equipamento com mais qualidade. Lentes com melhor ótica,
estabilização de imagem, materiais mais resistentes, processamento melhor e
veloz... Isso tudo tem um custo mais elevado. Então faço a 3a
pergunta: isso, para você, é importante?
No último domingo saí com minha família em um passeio
pela serra. Levei minha DSLR e, depois de muito pensar, 3 lentes. Após dezenas
de minutos caminhando sem tirar uma foto e, incomodado com o peso, pensei: aqui
me faltou uma câmera de bolso. Por fim, informo que não tirei uma única foto.
Pensando na possibilidade de uma imagem com qualidade profissional, só
carreguei peso.
Câmeras cheias de possibilidades... Mas será que vale
a pena gastar uma boa quantia de dinheiro em uma câmera que não será usada nem
1/3 dos recursos? Ou que só será utilizada lá de vez em quando? Vejo muitas
pessoas com uma câmera com enorme potencial nas mãos e que, ao final do
processo, não fez o diferencial na foto.
Aí surgiu a maior motivação para criar o meu curso:
ensinar as pessoas a usarem seus equipamentos e a aproveitar o que eles têm de
melhor junto com o desenvolvimento da
habilidade de fotografar.
Mas destaco que, antes de falar sobre o equipamento a
ser usado, há uma “peça” fundamental e mais importante: você. Essa sim, é a que
tem que ser boa.
Talvez, na próxima vez que alguém me perguntar se a
sua câmera é boa, eu dê de ombros e, sorrindo, responda: e daí???
1Alex Hackmann é
psicólogo e fotógrafo profissional. Ministra o Curso de Fotografia - Saindo do
Automático - nas Faculdades Integradas de Taquara – Faccat, RS e em outros
locais.
Texto publicado na revista Hoje em coluna sobre fotografia.
Texto publicado na revista Hoje em coluna sobre fotografia.
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